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RASTREABILIDADE

RASTREABILIDADE ANIMAL IMPULSIONA GESTÃO, EFICIÊNCIA E SUSTENTABILIDADE NA PECUÁRIA BRASILEIRA

Ferramenta fortalece a transparência da cadeia produtiva, melhora o desempenho zootécnico e amplia o acesso da carne brasileira a mercados cada vez mais exigentes, revelando um novo modelo de gestão orientado por dados.
Avanço da rastreabilidade reforça a transparência e o compromisso da pecuária brasileira com sustentabilidade e qualidade. Foto: Divulgação.

O avanço da pecuária brasileira vai muito além das porteiras. A busca por maior eficiência produtiva, aliada à necessidade de atender consumidores atentos à origem dos alimentos, tem levado o setor a adotar tecnologias que unem rastreabilidade, gestão de dados e sustentabilidade. Nesse cenário, a identificação individual dos animais, seja por meio de brincos eletrônicos, chips ou identificadores visuais, tornou-se peça-chave na transformação da pecuária de corte no país.

De acordo com Luciano Lobo, gerente de desenvolvimento de negócios de rastreabilidade, o uso da identificação individual é o primeiro passo para uma gestão de precisão. “Os dados por indivíduo são a base para decisões mais informadas e assertivas, que impactam diretamente na produtividade e na transparência do setor. O crescimento na adoção dessas tecnologias mostra o quanto a pecuária brasileira vem se transformando e buscando caminhos mais precisos”, afirma.

O Brasil, que hoje se destaca entre os maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo, vive um momento de consolidação de novas práticas. A coleta de informações individualizadas sobre desempenho, ganho de peso, origem genética e sanidade dos animais tem permitido ao produtor compreender melhor o comportamento do rebanho e aprimorar seus processos internos.

A unidade industrial localizada em Joinville (SC), dedicada exclusivamente à produção de identificadores visuais e eletrônicos, é uma das estruturas que abastecem não apenas o mercado nacional, mas também países da América do Norte, Europa, Austrália, África do Sul e América Latina. Essa expansão internacional reflete o avanço do Brasil na produção de tecnologias agropecuárias e na integração de sistemas inteligentes de gestão.

DA PORTEIRA PARA DENTRO: A REVOLUÇÃO SILENCIOSA NA GESTÃO RURAL

Mais do que uma exigência de mercado, a rastreabilidade está promovendo uma revolução silenciosa dentro das fazendas. O médico-veterinário Rodrigo Albuquerque, gestor executivo da Fazenda Terra Madre, localizada em Itapirapuã (GO), é um dos exemplos práticos dessa mudança. A propriedade, especializada em recria e engorda de gado de corte com integração lavoura-pecuária e rebanho de 1.050 animais, iniciou a identificação visual em 2014 e evoluiu para o controle eletrônico completo dos bovinos.

“Nosso primeiro passo foi a busca por rentabilidade e por novos mercados, mas o maior ganho veio na gestão. Passamos a entender cada animal como um indivíduo dentro do sistema produtivo”, relata Rodrigo. Segundo ele, a transição do controle por lote para o controle individual permitiu compreender as particularidades de cada bovino, identificando fatores que influenciam diretamente no desempenho.

Com base nesses dados, a Fazenda aprimorou sua estratégia de compra e seleção de fornecedores, priorizando animais com genética superior. “Trabalhar com indivíduos geneticamente melhorados gerou um incremento de até 25% na produtividade”, explica o veterinário. O acompanhamento individual também resultou em 20% a mais de ganho de peso médio diário, além de um retorno financeiro expressivo, estimado em R$ 10 para cada R$ 1 investido em rastreamento.

Outro benefício relatado é a durabilidade dos identificadores eletrônicos, que permanecem funcionais há mais de oito anos no rebanho, comprovando a eficiência e o custo-benefício do sistema. “A rastreabilidade trouxe uma nova visão sobre gestão e sustentabilidade. Hoje sabemos exatamente o que impacta o resultado final, e isso nos dá poder de decisão e previsibilidade”, completa Rodrigo.

RASTREABILIDADE COMO ELO ENTRE O CAMPO E O CONSUMIDOR

Além dos benefícios produtivos, a rastreabilidade tem se mostrado essencial para estreitar o vínculo entre produtor e consumidor. O público urbano, cada vez mais exigente, busca compreender o caminho percorrido pelos alimentos, desde a origem até a mesa.

Rodrigo Albuquerque, que também é criador de conteúdo informativo sobre pecuária, destaca que essa transparência é uma das maiores conquistas do setor. “A pecuária tem uma grande história para contar, mas agora também tem uma nova história para ouvir, a do consumidor. Eles querem segurança do alimento, querem entender os impactos sociais e ambientais daquilo que consomem”, reforça. “Com o rebanho rastreado, conseguimos comprovar a procedência, garantir a segurança e mostrar que é um alimento nobre, seguro e saudável.”

Essa nova relação entre campo e cidade é um reflexo da evolução do agronegócio brasileiro, que tem se adaptado às demandas de sustentabilidade e rastreabilidade global. O uso de dados permite comprovar práticas responsáveis e ampliar o acesso da carne brasileira a mercados com exigências rigorosas, como União Europeia e Ásia.

DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO

O avanço da rastreabilidade ainda enfrenta desafios de adesão e custos de implementação, mas o movimento já é irreversível. O Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos, o Sistema de Rastreabilidade Bovina Individual do Pará (SRBIPA) e programas regionais como Uma Nova Marca para o Agro SP apontam para uma expansão consistente dessa prática no país.

Segundo Luciano Lobo, a identificação individual tem impacto direto não apenas na produção, mas também no bem-estar animal e na qualidade de vida dos trabalhadores rurais. “A rastreabilidade eleva o padrão de precisão e transparência. Com os dados corretos, é possível reduzir erros, aumentar a eficiência, melhorar a sanidade e garantir o respeito ao meio ambiente. Isso torna o sistema mais sustentável e competitivo”, explica.

A integração de tecnologia e gestão de dados marca uma nova era para a pecuária nacional, uma era em que a produtividade anda lado a lado com a responsabilidade socioambiental e a valorização da carne brasileira no mundo.

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