O agronegócio brasileiro iniciou 2025 com um marco histórico: 28,5 milhões de pessoas ocupadas no setor, o maior número já registrado, conforme levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Esse contingente representa 26,23% de toda a força de trabalho do país, confirmando a robustez do setor como um dos principais pilares da economia nacional.
O aumento da ocupação não está restrito apenas às atividades diretamente ligadas à produção agrícola. Segmentos como insumos, agroindústria e agrosserviços lideraram a expansão, com destaque para áreas como transporte, armazenagem, logística, manutenção de equipamentos e assistência técnica, que dão suporte vital à cadeia produtiva agropecuária.
Segundo a pesquisa, o setor não apenas cresceu em número, mas também avançou em qualidade do emprego. Houve elevação nos níveis de formalização, ampliação da escolaridade média dos trabalhadores e maior participação das mulheres em funções diversas, da operação de máquinas agrícolas à gestão de propriedades. Além disso, os rendimentos dos trabalhadores autônomos registraram aumento real de mais de 9% em comparação ao mesmo período do ano anterior, evidenciando uma melhora na remuneração dos serviços prestados no campo.
Esse novo cenário reflete a transformação estrutural que o agronegócio vem atravessando: mais conectado, mais técnico e mais estratégico. Um dos reflexos disso é a busca crescente por formas planejadas de investimento, especialmente para aquisição de maquinário, tecnologias e ferramentas ligadas à agricultura de precisão. É nesse contexto que se insere o consórcio rural, uma alternativa que vem ganhando espaço entre os produtores como meio viável de modernização sem o peso dos altos juros bancários.
“O maquinário agrícola representa um investimento significativo tanto para as empresas do setor quanto para os produtores rurais, o que torna o consórcio uma alternativa atraente para a aquisição dessas ferramentas”, avalia Fernando Lamounier, especialista em estratégias de financiamento rural. Segundo ele, ainda que existam linhas de crédito específicas para o setor, os elevados custos financeiros muitas vezes inviabilizam a tomada de empréstimos tradicionais.
Diferente do crédito convencional, o consórcio opera com planejamento e prazos acessíveis, permitindo que os produtores adquiram implementos, tratores, drones e softwares de gestão de forma programada, sem comprometer o caixa nem recorrer a dívidas com juros altos. “Essa modalidade vem se ajustando perfeitamente às necessidades do setor, conquistando credibilidade entre os produtores e se consolidando como ferramenta segura para quem quer crescer com responsabilidade”, completa Lamounier.
A adesão crescente a essa alternativa também está ligada a um novo perfil do produtor rural brasileiro, que une tradição à inovação. Esses produtores não apenas buscam aumentar a produtividade, mas também adotar práticas sustentáveis, preservar recursos naturais e atender às exigências do mercado global, cada vez mais atento à rastreabilidade, tecnologia e responsabilidade socioambiental.
“O consórcio, além de ser uma opção viável em tempos de incerteza econômica, reforça seu papel como aliado indispensável para a modernização do agronegócio e para o fortalecimento de um setor vital à economia brasileira”, ressalta Lamounier.
Com um setor que bate recordes de geração de emprego e renda, a tendência é que soluções sustentáveis e acessíveis, como os investimentos programados, deixem de ser apenas alternativas e se tornem estratégias essenciais para o desenvolvimento do campo. Os dados do Cepea e da CNA mostram que o agro brasileiro não apenas resiste aos desafios, mas se reinventa, se qualifica e cresce com inteligência.