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AGRICULTURA E INSUMOS

ESCASSEZ NA CHINA E ALTA DEMANDA FAZEM PREÇO DO CLETODIM SUBIR MAIS DE 55% EM 2025

Com impacto direto sobre os custos de produção, agricultores precisam revisar estratégias de manejo e adotar alternativas ao herbicida para conter avanço de plantas resistentes nas lavouras de soja, milho, algodão e feijão
Produtores enfrentam desafio duplo, alta no custo dos defensivos e pressão de plantas resistentes nas lavouras. Foto: Divulgação.

O setor agrícola brasileiro enfrenta mais uma pressão significativa nos custos de produção. O motivo é a alta expressiva no preço do Cletodim, ingrediente ativo amplamente utilizado em herbicidas para controle de gramíneas em culturas como soja, milho, algodão e feijão. Desde o início de 2025, a valorização do produto ultrapassa 55%, segundo levantamento de mercado, tornando o manejo de plantas daninhas um desafio ainda mais complexo para os produtores rurais.

Essa escalada de preços tem origem em uma combinação de fatores internacionais. A China, principal produtora e fornecedora global do ingrediente ativo, vem enfrentando paralisações industriais e dificuldades logísticas, o que reduziu significativamente a oferta mundial do insumo. O cenário se agravou com o aumento da demanda sazonal por herbicidas, especialmente em países com produção agrícola em expansão, como o Brasil, elevando a competição por estoques já limitados.

O impacto nos custos operacionais do produtor rural é direto. A elevação do preço obriga agricultores a renegociar contratos, adiar aquisições e buscar alternativas técnicas de manejo. Em casos mais extremos, a indisponibilidade do produto pode comprometer a eficiência no controle de gramíneas invasoras, especialmente aquelas já consideradas resistentes ou de difícil controle, como o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica).

“O aumento de preço e a escassez do cletodim colocam em evidência a necessidade de diversificar as estratégias de controle de plantas daninhas. Não podemos mais depender de uma única molécula. A adoção de programas de Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD) é fundamental para preservar a eficiência agronômica e reduzir os riscos ao sistema produtivo”, destaca Roberto Rodrigues, engenheiro agrônomo e especialista em manejo com ampla atuação no setor agrícola.

Rodrigues chama atenção para o uso estratégico de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, que podem ser associados ao cletodim ou, em sua ausência, atuar como ferramentas complementares ou alternativas. Um dos exemplos mencionados pelo agrônomo envolve o uso de moléculas inibidoras de Protox, que atuam de forma distinta no metabolismo das plantas daninhas, permitindo o controle eficiente de espécies resistentes.

“Moléculas com ação sobre folhas largas e gramíneas ao mesmo tempo são essenciais neste novo cenário. Elas ampliam o espectro de controle e ajudam a manter o sistema produtivo sustentável e tecnicamente viável. Não se trata apenas de substituir o cletodim, mas de construir uma abordagem integrada, com rotação e combinação de mecanismos, para preservar a longevidade das ferramentas disponíveis no campo”, afirma Rodrigues.

Além da busca por eficiência, a substituição de ativos únicos por programas integrados responde também a um movimento global do agronegócio em direção à sustentabilidade. O uso repetido de um mesmo ingrediente ativo favorece a seleção de biótipos resistentes, o que compromete a produtividade a médio e longo prazo e exige doses maiores ou mais frequentes do mesmo produto, ampliando o custo ambiental e econômico da produção.

De acordo com especialistas, estratégias como a rotação de herbicidas, a aplicação localizada e o monitoramento constante das áreas são práticas fundamentais para manter o equilíbrio do sistema e reduzir a dependência de soluções pontuais. Em paralelo, o investimento em capacitação técnica das equipes no campo é apontado como outro fator decisivo para o sucesso das ações de manejo.

A expectativa de estabilização nos preços do Cletodim ainda é incerta. Enquanto persistirem os gargalos logísticos na China e a demanda continuar elevada, os agricultores brasileiros terão de seguir apostando na inteligência agronômica e na antecipação de compras para reduzir os impactos financeiros sobre suas operações. Mais do que nunca, o manejo técnico e a visão estratégica tornam-se ferramentas essenciais para enfrentar um mercado cada vez mais volátil e desafiador.

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