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TECNOLOGIA NA PRODUÇÃO DE ARROZ

Biofortificação com Selênio: Aposta na nanotecnologia pode revolucionar a produção de arroz no Brasil

Pesquisadores exploram o uso de nanopartículas para fortalecer lavouras, reduzir perdas e melhorar o valor nutricional do grão mais consumido pelos brasileiros
Os pesquisadores reforçam que investigações contínuas são essenciais para validar a eficácia da nanotecnologia na agricultura. Foto: Divulgação.

Presente no dia a dia de 76% dos brasileiros, conforme aponta a mais recente Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o arroz ocupa posição de destaque na alimentação nacional e na produção agrícola. O cereal, que é o terceiro mais produzido no país, desempenha papel fundamental na segurança alimentar e nutricional da população. No entanto, desafios relacionados à fertilidade do solo e à presença de metais pesados prejudiciais têm afetado sua produtividade, resultando em perdas expressivas que ultrapassaram R$ 60 milhões no último ano, segundo o DataAgro.

Com o objetivo de minimizar esses impactos e oferecer uma solução sustentável para a agricultura, um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável conduziu um estudo detalhado sobre a biofortificação do arroz por meio do uso de nanopartículas de selênio. A equipe, formada por Bruna Moreira Freire, Camila Neves Lange, Yasmin Tavares Cavalcanti, Bruno Lemos Batista e Amedea Barozzi Seabra, analisou os efeitos da aplicação desse micronutriente essencial em diferentes partes da planta. Os resultados foram publicados na revista científica MDPI.

O impacto do selênio na cultura do arroz

O selênio é um micronutriente fundamental para a saúde humana, e sua deficiência pode estar associada a doenças como hipotireoidismo e cardiopatias. No estudo, os cientistas observaram que a aplicação de nanopartículas de selênio, em concentrações controladas, contribui para o fortalecimento das mudas e atua como um escudo contra metais pesados tóxicos, como o cádmio, além de melhorar o valor nutricional dos grãos.

“A biofortificação do arroz com selênio na forma de nanopartículas pode ser uma alternativa viável para fortalecer as lavouras e oferecer um alimento mais nutritivo, sem comprometer a saúde das plantas ou aumentar a presença de contaminantes tóxicos”, destacam os pesquisadores.

Nanotecnologia e a sustentabilidade na produção agrícola

A demanda crescente por alimentos, impulsionada pelo crescimento populacional, tem intensificado o uso de fertilizantes e pesticidas, muitas vezes com impacto negativo sobre o meio ambiente. Nesse cenário, a nanotecnologia surge como uma abordagem inovadora para mitigar esses desafios.

“As nanopartículas de engenharia (NPs) têm se consolidado como uma alternativa mais eficiente e sustentável em comparação aos fertilizantes e pesticidas convencionais. Elas possibilitam um melhor aproveitamento dos nutrientes pelas plantas e reduzem os impactos ambientais causados pelo uso excessivo de insumos químicos”, explicam os cientistas.

Os pesquisadores reforçam que investigações contínuas são essenciais para validar a eficácia da nanotecnologia na agricultura. “Para que soluções como essa sejam amplamente adotadas, é necessário garantir que não haja efeitos adversos ao meio ambiente e à saúde humana. Estudos adicionais são fundamentais para aprimorar essa tecnologia e torná-la uma aliada definitiva da agricultura sustentável”, acrescentam.

Diante do cenário de desafios e oportunidades, a aplicação de nanotecnologia na produção de arroz desponta como uma inovação promissora. Se confirmada sua viabilidade em larga escala, a biofortificação com nanopartículas de selênio poderá transformar não apenas a produtividade das lavouras, mas também a qualidade nutricional de um dos alimentos mais consumidos no país.

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