O mercado brasileiro de suco de laranja enfrenta um momento de contrastes na safra 2024/25. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior, compilados pela CitrusBR, o volume exportado nos seis primeiros meses (julho a dezembro) alcançou 430.078 toneladas de FCOJ (suco de laranja concentrado congelado) equivalente a 66 Brix, uma queda de 19,70% em relação às 535.604 toneladas embarcadas no mesmo período da safra anterior. Apesar disso, o faturamento cresceu expressivos 42,66%, totalizando US$ 1.876.971.871, em comparação com os US$ 1.315.712.908 registrados na safra 2023/24.
Segundo Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, “o setor enfrenta cinco ciclos de safras pequenas e médias e, segundo as referências internacionais, uma alta de preços sem precedentes que mostram que a queda de demanda é inevitável”. A dinâmica reflete o impacto de fatores climáticos e econômicos que afetam tanto a produção quanto o consumo global do produto.
Europa Lidera, mas enfrenta queda no volume
A Europa permanece como o principal mercado para o suco de laranja brasileiro, respondendo por 42,72% das exportações. No entanto, o volume enviado ao continente caiu 22,21%, totalizando 228.692 toneladas, frente às 294.033 toneladas registradas no primeiro semestre da safra anterior. Em contrapartida, o faturamento aumentou 41,01%, atingindo US$ 1.037.173.807, contra US$ 735.387.975 no mesmo período da safra passada.
Estados Unidos: Menor volume, maior receita
Nos Estados Unidos, a redução no volume foi mais modesta, de 7,17%, com embarques de 161.641 toneladas, em comparação às 174.128 toneladas exportadas na safra 2023/24. Por outro lado, a receita teve um aumento significativo de 56,37%, totalizando US$ 675.806.483, frente aos US$ 432.078.659 do período anterior. Esse aumento reflete a alta dos preços internacionais e a manutenção da demanda americana por produtos de qualidade.
Japão e China: Desafios em mercados asiáticos
O mercado japonês registrou uma queda de 14,07% no volume exportado, com 11.441 toneladas embarcadas na safra 2024/25, ante 13.313 toneladas no mesmo período da safra anterior. Apesar disso, o faturamento cresceu 79,75%, somando US$ 62.963.727, comparado aos US$ 35.028.853 do ano anterior.
Na China, os desafios foram ainda mais evidentes, com uma queda expressiva de 46,08% no volume exportado, totalizando 19.223 toneladas. Em termos de receita, houve uma redução de 17,35%, com US$ 52.255.421 registrados, contra US$ 63.230.242 no período anterior. Essa retração reflete uma combinação de fatores, como o impacto da economia chinesa e a competição com fornecedores locais.
Outros mercados e tendências
Os mercados restantes somaram 114.607 toneladas exportadas, gerando uma receita de US$ 48.772.433. Embora representem uma parcela menor, esses destinos complementam os resultados gerais do setor e evidenciam a importância da diversificação de mercados em um cenário global tão desafiador.
Cenário e perspectivas
Com cinco ciclos consecutivos de safras reduzidas, o setor de suco de laranja brasileiro enfrenta desafios estruturais e conjunturais. A alta de preços, embora beneficie o faturamento, levanta preocupações sobre a sustentabilidade da demanda global. A Europa e os Estados Unidos continuam sendo mercados fundamentais, mas a volatilidade nos mercados asiáticos aponta para a necessidade de estratégias que equilibrem produtividade, preços e exploração de novos destinos.
Enquanto o setor busca soluções para superar esses desafios, os dados refletem um momento de transição em que a eficiência e a inovação serão cruciais para garantir competitividade e crescimento sustentável no mercado global de suco de laranja.