Com a inflação pressionando o bolso do consumidor e os preços das carnes em alta nos últimos meses, os atacarejos regionais vêm conquistando espaço ao oferecer aumentos de preços mais moderados do que os supermercados. Segundo dados da Scanntech, enquanto os preços de carnes bovinas nos supermercados cresceram 12% em outubro de 2024, o atacarejo apresentou um aumento menor, de 10,2%. Essa diferença tem sido determinante para o desempenho das vendas no setor.
“Os atacarejos mostram maior resiliência, especialmente em períodos de alta inflacionária. A competitividade nos preços tem sido essencial para atrair consumidores, resultando em crescimentos de 5,6% e 11,8% nas vendas em setembro e outubro, respectivamente,” analisa Roberto Butragueño, Vice-Presidente de Varejo para a América Latina da Scanntech. Nos supermercados, por outro lado, o cenário é menos otimista, com uma leve queda de 1,9% em setembro e um tímido aumento de 1,8% em outubro nas vendas de carne bovina.
Cesta de perecíveis lidera as vendas
No atacarejo, a cesta de perecíveis tem papel fundamental, representando 35% das vendas totais, um crescimento em relação ao ano anterior. Dentro dessa categoria, o destaque vai para os açougues, que respondem por 31,7% das vendas no canal. “O desempenho dos açougues no atacarejo reflete uma demanda crescente por proteínas de qualidade, especialmente em tempos de ajuste no orçamento familiar”, ressalta Butragueño.
Embora o frango in natura ainda lidere em volume de vendas, sua participação no atacarejo caiu em 2024, enquanto as carnes bovinas ganharam 2,2 pontos percentuais, alcançando 34,5% da participação nas vendas de açougues.
Cortes nobres ganham protagonismo
Um dos aspectos mais surpreendentes é o crescimento na demanda por carnes nobres no atacarejo. A picanha registrou um expressivo aumento de 26,3% em volume de vendas nos atacarejos regionais, enquanto os supermercados enfrentaram retrações nesse mesmo corte. Outros cortes premium, como filé mignon (+8,9%), patinho (+21,6%), alcatra (+11%) e maminha (+2,1%), também se destacaram, reforçando a preferência dos consumidores por produtos de qualidade a preços competitivos.
“A acessibilidade é a chave para entender essa mudança. Os atacarejos têm ampliado sua base de clientes, oferecendo opções que equilibram custo e qualidade, mesmo em cortes mais sofisticados,” explica Butragueño.
A tendência para o futuro
A estratégia dos atacarejos de equilibrar preços e qualidade não só fideliza os consumidores como também redefine padrões no mercado de proteínas. Esse modelo competitivo, associado a um crescimento expressivo em vendas, reforça a importância do canal no varejo alimentar.
Enquanto os supermercados precisam repensar suas estratégias para reconquistar consumidores, os atacarejos regionais continuam a liderar, demonstrando que, mesmo em cenários de desafios econômicos, há espaço para inovação e crescimento.