O risco de queimadas em São Paulo e regiões vizinhas deve permanecer elevado até o início de outubro, devido ao clima seco e ventos intensos, de acordo com a Climatempo, maior consultoria meteorológica do Brasil e da América Latina. Este cenário, que já provocou incêndios em diversas áreas na última semana, acende um sinal de alerta para o setor agrícola, que pode ser duramente afetado.
Vinicius Lucyrio, meteorologista da Climatempo, destaca que os meses de agosto e setembro são tradicionalmente críticos para a ocorrência de queimadas, devido à diminuição da umidade do solo e à continuidade da seca desde o início do inverno. “As queimadas ocorrem geralmente ao longo de um período prolongado de seca, com pico imediatamente antes do retorno das chuvas. Neste ano, o cenário se agravou porque tivemos um verão com chuvas mais irregulares, que não garantiram uma recuperação eficaz da umidade do solo”, explica Lucyrio.
Além disso, o outono de 2024 foi registrado como o mais quente da história no Estado de São Paulo, com uma seca severa, apesar de ondas de frio intensas, mas de curta duração. “Tudo isso deixou o solo menos úmido e antecipou as condições de secura da vegetação, levando à ocorrência de focos precoces de incêndio, em níveis muito acima do normal”, ressalta Lucyrio.
O cenário fica ainda mais complexo com a entrada de uma situação denominada pré-frontal, que ocorre imediatamente antes do avanço de uma frente fria. Esse fenômeno trouxe ar quente e seco de maneira acelerada, agravando as condições para a propagação de incêndios. “Os ventos desempenharam um papel crucial na expansão das queimadas, alastrando os focos de incêndio em diferentes regiões do Estado”, acrescenta o climatologista.
Impacto sobre o agronegócio
O setor agrícola, um dos pilares econômicos de São Paulo, enfrenta desafios significativos diante desse cenário. A estiagem prolongada pode comprometer a produção, com impactos diretos na qualidade e quantidade das colheitas. A falta de chuvas e as altas temperaturas intensificam a vulnerabilidade das plantações, enquanto as queimadas podem destruir áreas cultiváveis, levando a prejuízos econômicos substanciais.
Além disso, os produtores rurais precisam lidar com a deterioração do solo, que perde nutrientes vitais em razão das queimadas. Isso pode retardar o ciclo de produção e aumentar os custos com insumos agrícolas. O risco de incêndios também coloca em risco a infraestrutura rural, como cercas, galpões e maquinários, que podem ser consumidos pelo fogo em questão de minutos.
Medidas de prevenção
Diante desse quadro alarmante, a Climatempo recomenda uma série de medidas preventivas para mitigar os riscos. Entre as orientações, está o monitoramento constante das condições climáticas, o que permite aos produtores tomar decisões rápidas e informadas. A criação de aceiros, áreas sem vegetação que servem como barreiras para o fogo, também é uma estratégia eficaz para conter o avanço das chamas.
Outro ponto crucial é a conscientização e a educação da população rural e urbana sobre os perigos das queimadas e a importância de evitar práticas que possam desencadear incêndios, como o uso de fogo para limpeza de terrenos. “A prevenção é a melhor forma de evitar tragédias maiores. Todos precisam estar cientes do risco e agir com responsabilidade”, alerta Lucyrio.
O cenário de queimadas em São Paulo exige atenção e ação imediata de todos os envolvidos, desde autoridades até produtores rurais, para evitar danos irreparáveis ao meio ambiente e à economia do estado. A Climatempo continuará monitorando as condições e fornecendo informações precisas para ajudar na prevenção e mitigação dos riscos.