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INTEGRAÇÃO DE CULTURA

Produtor inova no cultivo de uvas gourmet com integração de capim braquiária

Inovação aumenta a cobertura do solo, controla pragas, reduz defensivos e combate a erosão em vinhedos de Araraquara-SP
As primeiras mudas foram plantadas em setembro de 2021, com oito variedades diferentes para testar a adaptação à região. Foto: Divulgação.

A uva é uma das frutas mais antigas do mundo, com registros de videiras datando de seis mil anos antes de Cristo na Ásia. No Brasil, a cultura da uva se estabeleceu com os colonizadores portugueses em 1535 e se popularizou, sendo hoje cultivada em várias regiões, de Bento Gonçalves na Serra Gaúcha até Petrolina no Nordeste.

O empresário Cesar Augusto Ferraz, com experiência em tecnologia, mercado financeiro e construção ambiental, decidiu investir em um projeto inovador para manter as terras de sua família, localizadas em Araraquara-SP, produtivas. Essas propriedades, somando 25 hectares, estão na família há mais de 130 anos e anteriormente eram usadas para cultivo de cana-de-açúcar e citros. Ferraz decidiu apostar na produção de uvas gourmet de mesa e suco, um segmento inexplorado na região.

Para entender as características da fruta e do mercado, Ferraz buscou conhecimento junto aos principais produtores do Brasil. Em 2020, ele lançou um projeto piloto em uma área de 3 mil metros quadrados com estrutura em “Y”, cobertura antigranizo e sistema de irrigação avançado. “Escolhemos a estrutura para manter os parreirais em sistema em ‘Y’, diferente do convencional. Toda área tem cobertura antigranizo e sistema de irrigação, um projeto bem estruturado e tecnológico”, disse Ferraz.

As primeiras mudas foram plantadas em setembro de 2021, com oito variedades diferentes para testar a adaptação à região. Para proteger o solo e integrar outra cultura, Ferraz apostou na utilização de forrageiras sob os parreirais, uma ideia inspirada pela Rede ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), que ele acompanha desde 2015. “O conceito da integração sempre esteve no foco principalmente em relação à proteção de solo. Tínhamos uma terra com carbono zero, por ser uma área antiga de cana-de-açúcar. Juntamente com o agrônomo, avaliamos várias possibilidades e surgiu a ideia da braquiária que por si só já mudaria o carbono negativo no solo para positivo”, destacou Ferraz.

Integração de culturas, uva e capim Brachiaria. Foto: Divulgação

Ferraz escolheu a Brachiaria Ruziziensis, por sua qualidade e tecnologia Advanced, que assegura um valor cultural de 80%, alta pureza (cerca de 96%) e alta viabilidade. As sementes são tratadas com fungicidas e inseticidas que garantem proteção até a germinação e não entopem o maquinário de plantio. “No nosso caso, a braquiária ajudou muito resolvendo problemas como das formigas, por exemplo, algo comum nesta cultura. Devido a essa cobertura de solo, não tivemos problemas de erosão em aclives como aqui, pois as raízes da forrageira são profundas. Além disso, melhoramos o desenvolvimento da cultura e reduzimos o uso de água nas irrigações, pois, a forrageira mantém bem a umidade no solo”, detalhou Ferraz.

Em 2023, Ferraz experimentou uma safrinha de uva orgânica sem defensivos, um desafio devido ao calor e à época das águas, mas obteve sucesso com duas safras no ano. “O nosso objetivo é a produção de uva gourmet de excelência, com tecnologia em todos os processos. É um projeto muito bem estruturado, validado e acompanhado por instituições renomadas, como a Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves (RS), e a Embrapa Uvas Tropicais de Jales/SP, com a orientação do pesquisador Reginaldo T. de Souza, que esteve com a gente desde o começo, e a ideia é sermos uma UR – Unidade de Referência na região, por isso queremos ampliar as variedades e ser um verdadeiro campo de testes de uvas”, finalizou o produtor.

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