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CITRICULTURA

Greening em citros aumenta 56% e especialista fala dos desafios e estratégias globais para combater a doença

Contaminação avança em mais de 130 países; governo dos EUA investe bilhões para frear a epidemia
Foto: Divulgação

O greening, também conhecido como Huanglongbing (HLB), é uma das doenças mais devastadoras para a citricultura mundial, impactando significativamente a produção de citros. No ano passado, a incidência de laranjeiras com sintomas de greening no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais aumentou em 56%, atingindo 38,06% das árvores, segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). Isso equivale a cerca de 77,22 milhões de árvores infectadas, de um total de 202,88 milhões. Esse aumento é o maior registrado desde 2008, marcando o sexto ano consecutivo de crescimento da doença na região.

“O HLB é disseminado por um pequeno inseto, o psilídeo asiático Diaphorina citri, e tem sido um desafio para os citricultores em todo o mundo”, explica Antonio Coutinho, diretor de projetos de multinacional agrícola que desenvolve tecnologias que atuam na fisiologia vegetal e tecnologia da aplicação e bioproteção para diversas culturas. “Ao contrário de outras doenças de plantas, o HLB apresenta uma complexa dinâmica epidemiológica, tornando seu controle ainda mais difícil. Nas culturas de citros, uma vez que uma árvore é infectada, pouco pode ser feito para salvá-la.”

A doença não está restrita ao Brasil. Registros indicam sua presença em mais de 130 países, com exceção da Europa, onde a enfermidade ainda não se estabeleceu. Em resposta à gravidade da situação, o governo dos Estados Unidos já investiu mais de US$ 2 bilhões para tentar conter a disseminação do HLB. Para aprender com as iniciativas de controle nos Estados Unidos, particularmente na Flórida.

Na Flórida, a Dra. Ute Albrecht, da Universidade da Flórida, lidera estudos utilizando injeções de oxitetraciclina (OTC) no tronco das árvores. “Os resultados preliminares mostram melhorias significativas na produtividade e na qualidade dos frutos das árvores tratadas, oferecendo uma esperança tangível na batalha contra o HLB”, afirma Albrecht.

Outras estratégias incluem o uso de telas IPCs e Brassinosteróides para proteger as plantas. Pesquisas conduzidas pelo professor Fernando Alferez, indicam que as telas antiafídeos resultam em árvores mais saudáveis e com frutos de melhor qualidade. Além disso, o Dr. Lukasz Stelinski e sua equipe estão explorando a modificação genética de plantas para controlar o vetor do HLB, apresentando resultados promissores com a introdução de genes específicos em plantas cítricas transgênicas.

Lucas Manfrin, Gerente Comercial de multinacional agrícola que desenvolve tecnologias que atuam na fisiologia vegetal e tecnologia da aplicação e bioproteção para diversas culturas, destaca que novas abordagens, como o uso de reguladores vegetais e precursores de hormônios vegetais, estão sendo exploradas. “Essas estratégias, embora promissoras, exigem um posicionamento assertivo e um acompanhamento rigoroso para garantir resultados sustentáveis a longo prazo.”

“A batalha contra o HLB é contínua e global”, afirma Coutinho. “Todos esses anos de luta nos Estados Unidos nos ensinam que não podemos negligenciar o fato de que o HLB está presente em nossos pomares. É fundamental que a indústria citrícola continue a colaborar e inovar, compartilhando conhecimentos e desenvolvendo novas estratégias para proteger nossos laranjais e garantir um futuro sustentável para a citricultura.”

No entanto, os desafios são significativos. A erradicação de plantas infectadas e o controle do vetor são tarefas complexas e contínuas. Até que soluções mais eficazes e sustentáveis sejam encontradas, a pesquisa deve continuar avançando, buscando maneiras de conter essa devastadora doença e proteger a vital citricultura mundial.

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