A busca por eficiência na produção pecuária é constante, e a Fazenda Rancho Alegre, localizada em Auriflama (SP), tornou-se um exemplo inspirador ao elevar seus padrões de produtividade. A chave do sucesso? Um pasto potencializado pela genética superior e manejo cuidadoso, que resultou em um Ganho Médio Diário de Carcaça (GMDC) 25% acima da média nacional para o rebanho nelore criado à pasto.
Ao adotar a brachiária híbrida Mavuno, como base alimentar, a fazenda não apenas aumentou a qualidade nutricional oferecida aos animais, mas também otimizou o tempo necessário para o abate. Rayner Sversut Barbieri, pecuarista e pesquisador na área de manejo de pastagens, destaca que a escolha estratégica do capim Mavuno foi fundamental para esses resultados expressivos.
Durante a fase de terminação em semiconfinamento, os animais foram alimentados com a brachiária Mavuno, complementada por uma dieta balanceada 2,5% do peso vivo de ração no cocho. Esse período intensivo de 100 dias resultou em um GMDC de 1,25 quilo por dia, evidenciando a influência direta da qualidade do pasto na lucratividade do pecuarista.
Anteriormente à terminação em semiconfinamento, na fase de recria, período mais longo entre o desmame e a terminação, a alimentação foi baseada no capim Mavuno, com suplementação de apenas 0,3% do peso vivo do rebanho, considerada de baixo consumo.
“Quando a gente pensa em recria, o objetivo era ganhar de seis à sete arrobas. Terminamos a fase com 9,5 arrobas por animal, em média”, afirma Rayner Sversut Barbieri, pecuarista, proprietário da Fazenda e pesquisador na área de manejo de pastagens.
Na etapa anterior, de recria, a alimentação baseada no capim Mavuno permitiu um ganho médio de peso diário de 0,76 quilo por dia, antecipando em três meses o tempo necessário para o abate. Esses resultados impressionantes não seriam possíveis sem um manejo eficiente da pastagem e um cuidado meticuloso com a genética e o bem-estar do rebanho.
“Na pecuária de corte a pasto, a nutrição do rebanho tem como base o capim. O suplemento, como o próprio nome diz, é para suplementar e corrigir deficiências nutricionais do capim. Por isso digo que a influência do capim Mavuno nos resultados foi total”, explica Barbieri, que é coordenador do curso de Zootecnia da Fazu – Faculdades Associadas de Uberaba, doutor em Sistemas de Produção (recuperação de pastagens) pela Unesp – Universidade Estadual Paulista e consultor em manejo de pastagens, formulação e balanceamento de dietas para bovinos de corte.
Para Rayner Sversut Barbieri, a nutrição do rebanho é um ponto-chave na pecuária de corte, e o capim Mavuno se mostrou essencial nesse aspecto. No entanto, ele ressalta a importância de uma abordagem holística na intensificação da produção, destacando a necessidade de controle gerencial em todas as atividades pecuárias.
A implementação bem-sucedida do pasto com Mavuno, na Fazenda Rancho Alegre, foi resultado de uma parceria entre pecuaristas e o engenheiro agrônomo Edson Castro Junior, que buscaram otimizar cada etapa do processo. Desde a escolha da genética até o manejo da pastagem, cada decisão foi pautada na busca pela excelência produtiva e no respeito ao meio ambiente.
O pasto com capim Mavuno foi estabelecido na safra 2021/22 em uma área de 7,35 hectares da Fazenda Rancho Alegre que necessitava reforma. A semeadura foi feita em novembro/2021, em consórcio com sorgo forrageiro para silagem. O sorgo com 90 centímetros de espaçamento e 15 sementes por metro linear e o Mavuno, a lanço, numa proporção de 8 quilos por hectare.
No plantio foi utilizada adubação com 145 quilos por hectare na formulação 8-28-16. Após 30 dias, foi realizada uma adubação de cobertura de 600 quilos por hectare na proporção 20-05-20. O sorgo foi colhido no final de março.
Na implantação, a área ainda enfrentou desafios e pressões de pragas como pulgão e lagarta, que afetaram visualmente o sorgo, mas não o Mavuno.
Após a colheita, o pasto com Mavuno foi vedado e sem adubação até atingir a altura de 40 centímetros, indicada para entrada do pastejo. Na ocasião a análise bromatológica que indicou o alto teor de 15,5% de proteína bruta do Mavuno, com 22,89% de massa seca.
“Como o próprio professor Rayner aponta, a suplementação de baixo consumo ajudou mais na digestibilidade e no maior consumo do capim, evidenciando que o bom desempenho veio mesmo da alta qualidade do capim Mavuno”, destaca Edson Castro.
De acordo com o pesquisador, a ideia agora é manter a área com Mavuno, fazendo eventuais ajustes na taxa de lotação. “Se for o caso de colocar mais animais, aumentamos a adubação do pasto e a suplementação. A partir de março, levamos os animais para o confinamento e na seca, diminuímos a lotação ou vedamos a área para o capim poder se recuperar na entressafra”, explica Barbieri.
O futuro da pecuária de corte passa pela adoção de práticas sustentáveis e eficientes, e a experiência da Fazenda Rancho Alegre, é um exemplo inspirador nesse sentido. Ao investir em genética superior e manejo cuidadoso, é possível alcançar ganhos expressivos de produtividade, garantindo não apenas o sucesso econômico, mas também a sustentabilidade do setor.