Em um cenário alarmante, as pastagens emergem como as áreas mais atingidas por queimadas em 2023, representando 28% do total de 17 milhões de hectares consumidos pelo fogo, conforme dados do Monitor do Fogo, iniciativa da rede MapBiomas Fogo em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Este preocupante cenário alerta para a urgência de práticas de manejo responsáveis.
Campos e formações savânicas do Cerrado seguiram como as segundas e terceiras categorias mais impactadas, totalizando 52% da área queimada no Brasil, equivalente a 9 milhões de hectares. As florestas, essenciais para o equilíbrio ecológico, também enfrentaram um considerável impacto, abrangendo 15% da área afetada.
Vera Arruda, pesquisadora do IPAM e responsável pelo Monitor do Fogo, destaca a necessidade de um manejo controlado das queimadas em áreas antrópicas, alertando que o uso inadequado pode resultar em incêndios florestais, prejudicando não apenas o meio ambiente, mas também comunidades inteiras que dependem dessas terras.
O aumento global da área queimada em 2023, 6% maior em relação a 2022, ressalta a magnitude do desafio. Com 17,3 milhões de hectares comprometidos, equivalente a 2% do território nacional, o Brasil testemunha um cenário que supera as fronteiras geográficas, ultrapassando países como Grécia, Inglaterra e Hungria.
A Amazônia, epicentro da biodiversidade brasileira, foi a região mais afetada, com 62% da área queimada e um aumento de 35,4% em relação ao ano anterior. O Cerrado, segundo bioma mais atingido, registrou um aumento de 29%, evidenciando a gravidade da situação. Em conjunto, Amazônia e Cerrado enfrentaram 91% das queimadas em 2023.
Ane Alencar, diretora de Ciência no IPAM e coordenadora da rede MapBiomas Fogo, destaca que o aumento da área queimada está intrinsecamente ligado às condições climáticas severas, como a seca na Amazônia, tornando a floresta mais suscetível aos incêndios.
Os números por estado revelam impactos expressivos. O Pará, recordista de focos de incêndio em 2023, viu um aumento de 39%, enquanto o Maranhão e Roraima enfrentaram desafios consideráveis, com áreas queimadas de 1,9 milhões e 1,4 milhões de hectares, respectivamente, ressaltando a urgência de ações preventivas e estratégias para conter a propagação do fogo.
Neste contexto, o desafio é claro: enfrentar a crescente ameaça de queimadas por meio de políticas eficazes, conscientização e práticas sustentáveis, preservando não apenas o patrimônio natural, mas também o equilíbrio vital entre homem e natureza.