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DESAFIOS NA AGRICULTURA

Desafios à vista: Safra de grãos 2023/24 inicia com incertezas climáticas

Especialista aponta estratégias cruciais para produtores diante da especulação de mercado e das variações climáticas

Enquanto o calendário se reinicia, a agricultura brasileira enfrenta um começo de ano permeado por incertezas, especialmente quando se trata da safra de grãos 2023/24. Sob a sombra de fatores climáticos desafiadores, os produtores estão na encruzilhada entre as oscilações meteorológicas e as especulações do mercado, acendendo alertas para o que está por vir.

De acordo com as previsões da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), o El Niño atinge seu ápice e está programado para dissipar em março, mas o cenário não é de celebração. A neutralidade esperada em abril dá lugar à chegada prevista do La Niña em junho, trazendo consigo chuvas intensas para o Norte e Nordeste, enquanto o Sul do país enfrenta um período mais seco. Este quadro de instabilidade compromete a produtividade, forçando alguns produtores a replantar e outros a perder a janela para a safrinha, indicando uma possível redução significativa na produção.

A divergência nas projeções de safra evidencia a incerteza que permeia o mercado. O engenheiro agrônomo, Lalo Malinarich, destaca a discrepância entre as estimativas da Conab, que aponta 155 milhões de toneladas de soja, e a Aprosoja, que calcula 135 milhões. “São 20 milhões de toneladas de diferença. Portanto, há ainda muita especulação no mercado”, ressalta Malinarich, que, com sua vasta experiência global, destaca as disparidades observadas em estados como Mato Grosso e Goiás.

Diante deste panorama incerto, surge uma oportunidade para os produtores estrategistas. Aqueles que possuem estrutura de armazenagem de grãos encontram uma saída para enfrentar as oscilações do mercado. Malinarich, enfatiza que, em meio à incerteza, a armazenagem é um negócio atrativo para quem é precavido e planejado. “Com os valores que a soja atingiu e com as perspectivas duvidosas para frente, somado ao aumento do consumo interno projetado na indústria brasileira, os grãos vão permanecer dentro do país, usando as estruturas fixas. A tendência é, portanto, um aumento na necessidade de armazenagem, que já é defasada”, alerta.

O especialista aconselha os produtores a assegurarem suas colheitas, destacando que a incerteza pode se transformar em uma oportunidade para os mais preparados. “O agricultor que tem a chance de manejar a comercialização do grão para o futuro poderá fazer bons negócios. É fundamental ter feito investimentos, principalmente em armazenagem, aliados a uma gestão eficiente. Assim, poderão usar as incertezas a seu favor”, enfatiza Malinarich.

Apesar do prazo apertado, o especialista destaca que ainda é possível encontrar estratégias para minimizar a falta de armazenagem, sugerindo o uso de estruturas móveis, como os silos-bolsa. “Essa alternativa, que pode atuar em paralelo ao silo estático, possui benefícios como menor custo de instalação e manutenção, maior flexibilidade em capacidade e localização, e melhor conservação da qualidade dos produtos armazenados”, destaca. O silo-bolsa não apenas reduz os custos de investimento, mas também oferece a flexibilidade necessária para planejar as vendas no momento mais favorável, maximizando as rentabilidades.

Neste cenário desafiador, a mensagem é clara: estratégia e boa gestão são fundamentais para transformar incertezas em oportunidades. O agricultor que antecipa suas jogadas e investe na segurança de sua produção está pronto para enfrentar os desafios e prosperar mesmo diante das adversidades climáticas e das oscilações do mercado e ressalta a importância de não deixar para a última hora. O tempo é curto, mas as oportunidades ainda estão ao alcance daqueles que buscam uma gestão inteligente e estratégica.

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