O ano de 2023 no mercado de commodities brasileiro foi marcado por distintos cenários e tendências que moldaram o panorama econômico, impactando diretamente os setores agrícola e pecuário. Analisando os destaques do último ano e projetando as expectativas para 2024, as commodities tiveram resultados divergentes, revelando um cenário de contrastes em suas performances.
Segundo a análise do especialista em investimentos sênior, Daniel Mariga, dentre os pontos notáveis, as commodities de destaque positivo em 2023 foram o Açúcar, Café, Ouro e Minério de Ferro, registrando um desempenho ascendente. Em contrapartida, o Petróleo enfrentou uma significativa queda devido aos conflitos no Oriente Médio, enquanto o mercado de gado e grãos também testemunhou uma baixa nos preços, gerando impactos expressivos na economia nacional.
Ele ainda destaca a super safra de grãos na temporada 2022/23, atingindo 322,8 milhões de toneladas, afetou a rentabilidade dos produtores, desencadeando resultados abaixo das expectativas. Contudo, o aumento na demanda levou a um aumento expressivo no número de contratos futuros de Soja, sinalizando estratégias de proteção por parte dos produtores no mercado financeiro.
No segmento pecuário, os produtores de leite e criadores de gado de corte foram inicialmente afetados pela queda nos preços da arroba do boi, mas a redução nos custos de manejo ajudou a mitigar os prejuízos. Apesar das recentes altas, o mercado projeta um 2024 mais promissor.
Os desafios foram múltiplos para os agricultores e pecuaristas em 2023, enfrentando custos elevados nos insumos no início do plantio e a necessidade de reduzir os estoques de grãos, resultando em drásticas reduções nas margens de lucro. Os baixos preços sugeridos para a venda do boi também afetaram os pecuaristas, mantendo o custo do manejo alto, o que resultou em vendas com valores abaixo do esperado.
A soja, carro-chefe da agricultura nacional, enfrentou uma redução acentuada de 68% na margem bruta em comparação com a safra 2021/22, conforme apontado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Essa queda impulsionou os produtores a buscarem alternativas de plantio e estratégias financeiras para proteger seus lucros, principalmente através de derivativos no mercado financeiro.
Para 2024, espera-se uma rentabilidade reduzida, devido aos altos custos de produção influenciados pelos conflitos no Oriente Médio e aos estoques elevados de grãos. A CNA projeta uma queda no PIB do agronegócio, dependente das condições climáticas e da melhoria na demanda e no dólar, que influenciam diretamente os preços de venda das commodities.
A redução da taxa de juros pode contribuir para reduzir os custos do crédito rural e das taxas cobradas nas commodities agrícolas, impulsionando uma melhoria na margem financeira do setor.
Apesar da queda nos preços, as produções dentro das propriedades rurais e nas agroindústrias têm contribuído para evitar resultados ainda piores no campo, refletindo uma crescente especialização dos produtores e uma melhoria na eficiência da cadeia de produção.
Já as exportações do agronegócio brasileiro mantiveram um bom volume no final de 2023, compensando a queda nos preços. As expectativas para 2024 são positivas, com projeções de um ano ainda mais favorável, favorecendo a balança comercial com um saldo previsto acima de US$ 90 bilhões.
E para os investidores, o analista destaca que a Oferta Pública Inicial (Initial Public Offer – IPO) é um momento importante de captação de recursos e de apresentação de uma empresa para o mercado e que há previsões de IPOs no segmento de commodities, com a Lavoro Agro, da Pátria Investimentos, sendo uma das candidatas a lançar suas ações no próximo ano. Investir em commodities na bolsa tornou-se atraente, oferecendo proteção contra cenários de queda e oportunidades de crescimento.
Este segmento, considerado o carro-chefe do Brasil, continua a ser um campo de interesse para os investidores, que agora têm a oportunidade de participar dessa expansão através da bolsa de valores.