O período que se estende de novembro a abril é reconhecido como a fase de maior prevalência da broca-da-erva-mate, uma ameaça significativa para as plantações de erva-mate no Brasil, especialmente concentradas na região Sul do país. Estudos conduzidos pela Embrapa Florestas destacam que o besouro Hedypathes betulinus, popularmente conhecido como broca-da-erva-mate, danifica as plantas ao perfurar galerias nos troncos, interrompendo o fluxo normal da seiva e prejudicando o crescimento saudável das árvores.
Contudo, uma inovadora estratégia de controle biológico tem emergido como uma solução eficaz contra essa praga. Uma colaboração entre a Embrapa Florestas e empresa líder mundial em biossoluções, resultou no desenvolvimento de um bioinseticida contendo o fungo Beauveria bassiana. Este fungo, quando em contato com os esporos, tem demonstrado ser altamente eficaz no combate à broca-da-erva-mate, eliminando os insetos em até 20 dias após a aplicação.
De acordo com Fernando Bonafé Sei, gerente técnico da empresa de biossoluções, a eficácia do bioinseticida reside na capacidade do fungo de colonizar os besouros, tornando-os veículos para a propagação do fungo para outros insetos saudáveis, reforçando, assim, o controle da praga. O produto registra um índice de controle de cerca de 70% dos besouros, representando um avanço significativo na proteção das plantações.
No entanto, a pesquisadora Susete do Rocio Chiarello Penteado, da Embrapa Florestas, ressalta a importância de aplicar o bioinseticida nos momentos adequados, preferencialmente em novembro e fevereiro, quando a broca-da-erva-mate é mais suscetível ao contato com o fungo. Além disso, a aplicação precisa ser focada no caule da planta e na área ao redor, maximizando assim a eficiência do combate à praga.
A broca-da-erva-mate não só ameaça as plantações, mas também representa um impacto econômico para os pequenos produtores de erva-mate no Sul do Brasil. De acordo com o IBGE, o país produziu aproximadamente 442 mil toneladas de erva-mate em 2022, destacando a importância econômica dessa cultura para a região.
Para os produtores que optarem pelo uso do bioinseticida, a Embrapa e a equipe técnica da empresa de biossoluções, enfatizam a importância de realizar a aplicação em condições climáticas ideais e manter uma cobertura verde entre as linhas do erval para garantir o desenvolvimento contínuo e a persistência do fungo, além de manter de 25 a 30% das folhas em cada planta para favorecer a eficácia do controle.
Estas estratégias inovadoras de controle da broca-da-erva-mate oferecem um horizonte promissor para os produtores de erva-mate, oferecendo uma abordagem mais sustentável e eficiente para proteger as plantações durante o verão, quando a infestação desses insetos é mais intensa.