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ATRASO PLANTIO DE GRÃOS

El Niño o vilão da temporada agrícola: Safra de grãos no Brasil e preocupam produtores

Clima adverso coloca em xeque safra de soja, milho e algodão, sinalizando um ciclo desafiador para a produção agrícola, onde a janela de plantio é encurtada.
O atraso no plantio da soja em Mato Grosso já está influenciando negativamente na segunda safra de milho. O Imea estima uma queda de quase 4% na produção em relação à safra anterior. Foto: Portal Urbana Caipira

Apesar da continuidade do plantio de grãos em várias regiões do Brasil, as condições climáticas adversas estão lançando sombras sobre a temporada de colheita. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) reporta um atraso de 10% no plantio de soja em relação à safra anterior, embora tenha alcançado 91% de avanço na primeira quinzena de novembro.

Alberto Pessina, consultor de mercado, levantou preocupações em relação ao impacto do fenômeno climático El Niño. A ausência de chuvas em áreas cruciais, especialmente no Norte e Centro-Oeste, está gerando inquietação entre os produtores.

“Poucas chuvas e temperaturas elevadas nas regiões Centro-Oeste e Norte têm ocasionado prejuízos significativos na semeadura da soja. Em Mato Grosso, muitos agricultores enfrentam a necessidade de replantar devido às condições climáticas adversas, e isso impacta diretamente a janela de plantio para cultivos subsequentes, como a safrinha de milho e, em alguns casos, o algodão”, destaca Pessina.

Num solo de textura média, a cultura da soja com um ciclo de 120 dias mostra-se vulnerável às condições adversas. Na região de Catalão (GO), a emergência das sementes ocorrida em 10 de outubro já resulta em uma perda estimada de 13%. Surpreendentemente, se o plantio fosse iniciado em 1º de outubro, esse número saltaria para 17,38%, destacando a influência considerável da data de semeadura nos rendimentos das plantações.

O atraso no plantio da soja em Mato Grosso já está influenciando negativamente na segunda safra de milho. O Imea estima uma queda de quase 4% na produção em relação à safra anterior. “A expectativa é de que a redução na área e produtividade da primeira safra de milho seja agravada pelas condições climáticas, afetando diretamente a segunda safra”, adverte Pessina.

Em algumas regiões do Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, a situação é crítica: várias cidades registraram volumes muito reduzidos de precipitação desde o início da safra, e os sinais da deficiência hídrica já são perceptíveis. “Em Nova Ubiritã (MT), por exemplo, o total acumulado desde o dia 15 de Setembro é de apenas 244,8mm segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia. Se consideramos somente a precipitação ocorrida em novembro, esse valor cai para 86mm”, aponta o diretor de empresa de inteligência climática, João Rodrigo de Castro.

No Sul do Brasil, o cenário é de chuvas excessivas, prejudicando também a produção local. “O impacto dessas precipitações é visível, especialmente nos estados sulistas, dificultando o processo de semeadura”, acrescenta o especialista.

Além das preocupações com os grãos, a consultoria também observa o setor de carne bovina. Os dados do IBGE corroboram com as projeções, apontando um aumento na produção no terceiro trimestre de 2023 em comparação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, as exportações continuam em um ritmo inferior a 2022, afetando a recuperação dos preços.

Pessina, traz perspectivas para o ciclo pecuário em 2024: “Prevemos uma ligeira recuperação nos preços nos primeiros seis meses do próximo ano, embora a oferta permaneça elevada. Esperamos que as exportações mantenham seu ritmo, enquanto o mercado interno se mantenha robusto. Com a diminuição dos custos e da reposição em 2023, vislumbramos um cenário mais positivo para os produtores.”

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