cotações de Comodities

Cotação do dollar

MEIO AMBIENTE

Riqueza Ameaçada: Caatinga Abriga mais de 480 Espécies em Perigo de Extinção

Único bioma 100% brasileiro enfrenta desafios crescentes para sua preservação

A Caatinga, o bioma exclusivamente brasileiro que predomina no Nordeste do país, é lar de uma surpreendente diversidade de vida. No entanto, um alerta vermelho ecoa por suas terras áridas e paisagens únicas, pois o rico patrimônio biológico da Caatinga está ameaçado como nunca antes. De acordo com os resultados alarmantes da pesquisa “Contas de Ecossistemas”, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 480 espécies de plantas e animais da Caatinga estão em risco de extinção. Esse número impressionante posiciona a Caatinga como o terceiro bioma mais ameaçado em termos de sobrevivência da fauna e flora no Brasil, ficando atrás apenas do Cerrado e da Mata Atlântica.

O estudo, que investigou 3.220 espécies da Caatinga, chegou a uma conclusão alarmante: aproximadamente 15% delas correm o risco iminente de desaparecer. Esse bioma abriga cerca de 5.311 espécies únicas de plantas e animais, incluindo tesouros como o icônico tatu-bola, a majestosa jaguatirica e o imponente carcará. “Quem acredita que a Caatinga é um bioma pobre está profundamente enganado. Seu ecossistema é um tesouro de valor inestimável e é exclusivo da nossa nação”, ressalta com paixão Samuel Portela, coordenador técnico da Associação Caatinga.

Entre as principais causas desse cenário alarmante estão práticas humanas insustentáveis, como o uso da lenha como fonte de energia e as queimadas para preparação de áreas agrícolas. “Essas ações progressivamente desmatam as florestas, causam a morte de plantas e ameaçam os habitats naturais dos animais”, explica o coordenador Portela.

No estado do Ceará, a Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema) identificou a existência de 55 espécies ameaçadas de extinção, catalogadas em uma lista vermelha que abrange cinco categorias: tartarugas marinhas, mamíferos marinhos, aves, anfíbios e répteis, além de mamíferos terrestres.

Diante desse cenário crítico, a Associação Caatinga empenha-se em diversas iniciativas voltadas à preservação desse ecossistema único. Um dos projetos de destaque é o “RPPN: Conservação voluntária: gerando serviços ambientais”, que tem como objetivo ampliar e aprimorar a gestão de áreas protegidas legalmente, com foco nas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). “Existem hoje mais de 1.850 RPPNs no Brasil, protegendo mais de 833.000 hectares, sendo 44 no Ceará e 8 no Rio Grande do Norte. Estamos concentrando nossos esforços nesses dois estados, já que eles abrigam quase a totalidade de seus territórios na Caatinga e apresentam dados alarmantes de desmatamento acumulado”, afirma com determinação Daniel Fernandes, coordenador geral da Associação Caatinga.

O projeto visa identificar áreas adequadas para a criação de futuras RPPNs, elaborar e revisar planos de manejo, proporcionar treinamento e capacitação e apoiar a implementação das ações desses planos de manejo nas unidades de conservação já existentes. O “RPPN: Conservação voluntária gerando serviços ambientais” é uma iniciativa realizada em colaboração com a Associação Caatinga e financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), no âmbito do Projeto Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a Biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre), que é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e tem o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como agente implementador e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO como agente executor.

Deixe um comentário

ARTIGOS RELACIONADOS